A história de Célio Riffel, produtor rural em Sinop, é uma das muitas que compõem a galeria da Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja MT), uma trajetória de coragem, superação e paixão pelo agro. Associado da Aprosoja MT há muitos anos, Célio mudou-se para Mato Grosso em 1989, recém-casado, com o sonho de construir um futuro melhor para si e para sua família.

No quadro “Gente que Faz a Diferença”, Célio conta como foi o início de sua trajetória.

"Eu comecei a ser um produtor muito novo. Lá com 13, 14 anos já ajudava meu pai nas lidas, dirigindo trator. Quando me mudei para o Mato Grosso, com 20 anos, comecei com dificuldades, mas a persistência e o amor pelo que faço me trouxeram até aqui. Hoje, é com orgulho que vejo a continuidade do trabalho no campo, com meu filho ao meu lado", conclui.

Natural de Santo Cristo, Rio Grande do Sul, ele e sua esposa, Helena Bender Riffel, acompanhados pelo pai e uma irmã, decidiram buscar novas oportunidades no estado que estava em expansão. “Viemos em busca de um novo horizonte, expandir área, porque no Sul já estava muito saturado. Aqui em Mato Grosso, haviam pessoas que saíram de Santo Cristo e diziam que aqui tinha terra boa, terra plana, e viemos atrás disso. E, graças a Deus, deu tudo certo", conta Célio.

Nos primeiros anos, a jornada não foi fácil. O estado ainda estava em desenvolvimento e muitas das dificuldades eram relacionadas à infraestrutura. As estradas, o acesso à energia elétrica e a distância das cidades eram obstáculos diários para a família. “Lá no sul moramos a 5km da cidade, era uma vilinha do interior, mas era pertinho da cidade, já aqui eram 53 km, na época com 32 km de chão, sem energia elétrica, que só chegou em 2003, ficamos 14 anos morando aqui sem energia elétrica. Com as estradas na época da chuvarada, chegavamos a gastar 3 horas para fazer esses 50 km para chegar em Sinop, em carro grande, em carro pequeno nem passava”, relembra Célio.

A falta de infraestrutura e as dificuldades no transporte eram grandes desafios, mas a coragem e a visão de Célio não permitiram que ele e sua família desistissem.

"Nunca pensamos em desistir. Claro que tivemos momentos difíceis, com preços baixos e a falta de escoamento, mas nossa determinação sempre foi maior", afirma.

Além das dificuldades de infraestrutura, o produtor também enfrentou a falta de canais de escoamento e as dificuldades dos primeiros anos, quando as promessas de melhoria nas estradas e a construção da BR 163 demoraram a se concretizar. "O preço da soja na época era muito inferior. Hoje dá para dizer que tem uma margenzinha, apertada ainda nos últimos anos, mas melhorou bastante depois de ter esse escoamento pelo arco norte.", conta.

Célio Riffel destaca que, mesmo com todas as dificuldades, ele nunca pensou em desistir, com a certeza de que estava construindo algo para sua família. “Eu já vim do sul e vim morar direto aqui na fazenda, na época era tudo mato, mas sempre morei aqui, os filhos nasceram aqui, e hoje tenho o meu filho Jonas, que já está há muitos anos me ajudando na lavoura. Já tem 33 anos e desde guri, 16 anos, já virou plantador, e assim foi pegando a experiência e seguindo na lida”, contou.

A continuidade do trabalho no campo por seus filhos é motivo de grande orgulho para Célio, que observa o legado que começou com seu pai e segue sendo transmitido para as próximas gerações. "Isso é o que todo pai espera, os filhos seguirem os passos da gente e é um orgulho muito grande a gente ver que tem para quem deixar as coisas. Ver que lá atrás lutamos e vamos ter sequência nessa história.", afirma o produtor.

Hoje, com 56 anos e mais de 30 anos de Mato Grosso, Célio Riffel é um dos milhares de produtores que fazem a diferença na agricultura do estado, fruto de muito trabalho e perseverança. Sua história de vida e trabalho no campo mostra como Mato Grosso recebeu e acolheu aqueles que buscaram um futuro melhor.