Durante esta semana, 11 corpos foram localizados em um cemitério clandestino em Rondonópolis (212 km ao sul de Cuiabá). Após a remoção das ossadas, um minucioso trabalho pericial é realizado para a identificação das vítimas. Até o momento, apenas Carla Bruna da Silva Lima, 35 anos, e Luiz Otávio de Souza, 25 anos, foram identificados.

Como o Instituto Médico Legal (IML) de Rondonópolis não dispõe da tecnologia necessária para exames avançados, os corpos são encaminhados a Cuiabá, onde passam por procedimentos específicos de identificação.

Técnicas de Identificação

A papiloscopista Simone Delgado explicou que um dos principais métodos utilizados é o Sistema Automatizado de Busca de Impressões Digitais (ABIS), além de técnicas químicas avançadas para recuperar digitais de cadáveres em estado de decomposição ou carbonização.

Para que as vítimas sejam oficialmente identificadas e liberadas às famílias, é necessário o uso de métodos reconhecidos internacionalmente, como:
✔ Necropapiloscopia (identificação por impressões digitais)
✔ Exame de DNA
✔ Comparação da arcada dentária

No entanto, a identificação por arcada dentária depende de exames odontológicos anteriores, fornecidos pela família. “Se a vítima passou por exames odontológicos, os familiares precisam apresentá-los ao IML para viabilizar a comparação”, explicou a técnica de necropsia Lowrrayny Franchesca.

Mesmo em casos de ossadas, a identificação por impressões digitais é possível. “Tivemos um caso semelhante em Lucas do Rio Verde, onde quatro corpos foram identificados dessa forma, apesar do estado avançado de decomposição”, ressaltou Simone Delgado.

A importância da identificação para as investigações

A identificação das vítimas é fundamental para o andamento das investigações criminais. “Sem identificação, um inquérito pode ficar sem rumo e acabar arquivado. Com a identificação, as investigações ganham um norte, permitindo a reabertura de casos antigos”, destacou Simone.

Cemitérios clandestinos e o avanço das facções criminosas

Somente em 2024, já foram descobertos 23 corpos em cemitérios clandestinos utilizados por facções criminosas no estado de Mato Grosso. Destes, 11 foram encontrados em Rondonópolis e os demais em Lucas do Rio Verde. Até o momento, apenas parte das vítimas foi identificada.

O trabalho das autoridades continua para dar respostas às famílias e combater a atuação de grupos criminosos na região.