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Sorriso,25/02/2025

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Justiça promove campanha de prevenção da gravidez na adolescência para reduzir casos em Rondonópolis


Justiça promove campanha de prevenção da gravidez na adolescência para reduzir casos em Rondonópolis

No ano de 2024, a cada 100 nascimentos em Rondonópolis, oito foram gestados por mães adolescentes, com idades entre 10 e 19 anos. Somente na escola estadual Edith Pereira Barbosa, quatro jovens tornaram-se mães antes da idade adulta. A unidade de ensino, localizada na região periférica do município, concentrou 2,5% do total de adolescentes grávidas do período (166 gestações). Para mudar este cenário, o Poder Judiciário de Mato Grosso escolheu a escola para o encerramento do ciclo de palestras da Semana Nacional de Prevenção da Gravidez na Adolescência, no dia 17 de fevereiro. 

A edição deste ano foi ampliada e segue até o dia 28 de fevereiro, com distribuição de panfletos informativos e orientações em sala de aula, em todas as 29 escolas estaduais. Nos locais, as ações são realizadas com o apoio das equipes psicossociais, que divulgam e compartilham as orientações em sala de aula. 

Dados da Secretaria Municipal de Saúde de Rondonópolis mostram que, dos 2.107 nascimentos registrados no ano passado, 166 foram gestados por adolescentes. A maioria dos casos foi registrada em bairros periféricos, com maior incidência no Bairro Pedra 90, com nove gestações. 

A campanha de “Prevenção da gestação na adolescência” integra o projeto “Justiça, Escola e Família Dialogando”, da Vara da Infância e Juventude da Comarca. O tema do mês atende ao artigo 8º-A do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), que instituiu a Semana Nacional de Prevenção da Gravidez na Adolescência. 

Idealizadora da ação, a juíza Maria das Graças Gomes da Costa ressalta que a informação é a melhor ferramenta para a redução dos casos de gravidez entre jovens na cidade. 

“Em Rondonópolis, estendemos a campanha para todo o mês de fevereiro. Este será um período de conscientização para os jovens poderem falar sobre o assunto e buscarem informações porque o que mais nos prejudica na prevenção é a falta de informação”, enfatiza a magistrada. 

Além dos alunos, a campanha também inclui professores e pais de alunos para desmistificar o tema dentro e fora da sala de aula. 

Os resultados dos encontros serão aferidos em um segundo momento da campanha, conforme explica a juíza. “Então, a gente vem para lançar esse assunto e pedir para os professores tratarem em sala de aula. No segundo momento, retornaremos e faremos grupos separados (meninas e meninos), para que eles se sintam confortáveis e tranquilos para se manifestarem de maneira transparente, sem o peso do julgamento do outro". 

Riscos de gestação na adolescência 


A gravidez na adolescência traz riscos à vida e à saúde da mãe e também do bebê. Na escola Edith Pereira Barbosa, informações sobre os impactos e as consequências foram repassadas pela assistente social da rede de Saúde da Família da Atenção Primária à Saúde do Município, Edna de Oliveira.

Aproximadamente 120 alunos da unidade aprenderam que a gestação precoce aumenta o risco de mortalidade materna, aborto espontâneo, depressão pós-parto, problemas no desenvolvimento do feto, eclâmpsia, além de contrair Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs). 

Além dos problemas físicos e de saúde, a gravidez na adolescência ocasiona evasão escolar. “Elas saem da escola porque estão grávidas e não voltam para estudar porque são mães, precisam trabalhar e cuidar da criança. Por isso, é muito importante darmos o máximo de atenção ao tema para aumentar o cuidado com as adolescentes do sexo feminino. Falar para os do sexo masculino que eles precisam se atentar para a idade dessa jovem, que sexo com meninas com menos de 14 anos é crime, é estupro de vulnerável. Que não pagar pensão dá cadeia”, alerta a magistrada. 

Prevenção

Consciente dos riscos e consequências de uma gravidez na adolescente, a aluna da escola Edith Pereira Barbosa, Isabela da Silva, de 14 anos, falou que o evento irá ajudar muitas meninas que ainda não receberam orientações sobre o assunto.

“Esse é um aprendizado que a gente, meninos e meninas, precisa ter para nos proteger, caso aconteça. Precisamos ter o preservativo porque nunca sabemos quando vai acontecer”, alertou a jovem. 

A estudante conta que as primeiras orientações sobre o assunto foram repassadas pelos pais, quando teve a primeira menstruação. O conhecimento sobre as consequências também veio da observação de experiências vividas por uma amiga.

“Minha mãe sempre conversou comigo. Inclusive, meu pai e minha tia sempre me falaram dessas coisas. Também tenho uma amiga que tem um neném de um ano. Ela engravidou com 13 anos e agora está casada com um cara de 18 anos. Depois disso, a gente meio que se afastou um pouco, e ela parou de estudar para cuidar da criança”, contou. 

Para a diretora da escola, Simone Fernandes de Marques, a tarefa de ampliar o nível de consciência entre os alunos ganha reforço do Poder Judiciário de Mato Grosso. 

“Trabalhar a prevenção da gestação na adolescência é trabalhar a melhoria na qualidade da educação do país. Os índices de evasão escolar são preocupantes e combater a gravidez na adolescência é um dos caminhos para reduzir esses números. É muito importante quando o Poder Judiciário vem até a escola trabalhar essa pauta e ampliar a compreensão de que a educação é a base de uma sociedade. Então, nós trabalhamos na base e evitamos problemas no futuro, que seriam levados para o próprio Judiciário. A presença da juíza aqui é um fator positivo, porque ela, como autoridade, tem a escuta dos alunos, o mesmo acontece com os pais e professores”, avalia a educadora. 

As palestras sobre “Prevenção da gestação na adolescência” foram realizadas em sete unidades escolares, com a participação de mais de 2.130 alunos da rede municipal. No total, a iniciativa deve alcançar 15 mil estudantes por meio de palestras e distribuição de materiais informativos. 

Projeto Justiça, Escola e Família Dialogando

Ao longo de 2025, o ‘Projeto Justiça, Escola e Família Dialogando’ realizará campanhas temáticas como prevenção ao bullying e cyberbullying, maus-tratos, abuso infantil, trabalho infantil, violência obstétrica e demais assuntos voltados à proteção da infância e juventude.





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