Seja bem-vindo
Sorriso,10/03/2025

  • A +
  • A -
Publicidade

A pior violência na Síria em meses reabre feridas da guerra civil

g1.globo.com
A pior violência na Síria em meses reabre feridas da guerra civil


Organizações de direitos humanos denunciaram as forças de segurança do novo governo sírio de matarem centenas de pessoas da minoria alauíta, grupo que apoiava o ex-ditador Bashar al-Assad, deposto em dezembro. Parentes e vizinhos choram durante o cortejo fúnebre de quatro membros das forças de segurança sírias mortos em confrontos com partidários do presidente deposto Bashar Assad na costa da Síria, na vila de Al-Janoudiya, a oeste de Idlib, sábado, 8 de março de 2025.
AP Photo/Omar Albam
Uma emboscada de uma patrulha de segurança síria resultou em confrontos que, segundo estimativas de um monitor internacional de guerra, mataram mais de 1.000 pessoas em quatro dias.
A autoria do ataque não foi confirmada. A Federação de Alauítas na Europa atribui a ofensiva às forças de segurança do atual governo, enquanto a administração síria alega que os massacres foram resultado de um levante do regime Assad.
O ataque de quinta-feira (6) perto da cidade portuária de Latakia reabriu as feridas da guerra civil de 13 anos no país e desencadeou a pior violência que a Síria viu desde dezembro, quando insurgentes liderados pelo grupo islâmico Hayat Tahrir al-Sham, ou HTS, derrubaram Assad.
A contraofensiva contra os aliados de Bashar al-Assad na região costeira, predominantemente alauíta, causou grandes danos a várias cidades e vilarejos. Organizações de direitos humanos relataram que dezenas de assassinatos motivados por vingança foram cometidos por militantes sunitas, que atacaram a seita islâmica minoritária, independentemente de sua participação na insurgência.
O que deu início à violência?
Desde a queda de Bashar al-Assad, as tensões contra os alauítas, que governaram a Síria por mais de 50 anos sob a dinastia Assad, aumentaram consideravelmente. Esses ataques persistem, apesar das promessas feitas pelo presidente interino da Síria de que os novos líderes do país trabalhariam para construir um futuro político inclusivo, que representasse todas as comunidades sírias.
Na última emboscada, grupos armados de alauítas pró-Assad dominaram as forças de segurança do governo e, em seguida, tomaram o controle de Qardaha, cidade natal de Assad. Damasco, por sua vez, lutava para enviar reforços à região.
O porta-voz do Ministério da Defesa, Coronel Hassan Abdel-Ghani, informou no domingo (9) que as forças de segurança conseguiram retomar o controle da área e que continuarão caçando os líderes da insurgência, que têm ganhado força.
Apesar dos apelos das autoridades para que a incitação à violência fosse interrompida, os confrontos se intensificaram e resultaram na morte de vários civis.
Quem são os mortos?
A maioria dos mortos são aparentemente membros da comunidade alauíta, que vive em grande parte na província costeira do país, incluindo as cidades de Latakia e Tartous. Grupos de direitos humanos estimam que centenas de civis foram mortos.
A seita alauíta é um desdobramento do islamismo xiita e já constituiu o núcleo eleitoral do governo de Assad no país de maioria sunita.
Os oponentes de Assad viam a Síria sob o governo da família como uma concessão de privilégios à comunidade alauita . À medida que a guerra civil se intensificava, grupos militantes emergiam por todo o país e tratavam os alauitas como afiliados de Assad e seus principais aliados militares, Rússia e Irã.
O novo governo interino da Síria está sob o governo islâmico sunita. O presidente interino Ahmad Al-Sharaa , um antigo líder do HTS, prometeu que o país fará a transição para um sistema que inclua o mosaico de grupos religiosos e étnicos da Síria em eleições justas, mas os céticos questionam se isso realmente acontecerá.
Pouco se sabe atualmente sobre a insurgência alauíta, composta por remanescentes da rede de ramos militares e de inteligência de Assad, e quem podem ser seus apoiadores estrangeiros.
Por que os alauítas foram alvos?
O Observatório Sírio para os Direitos Humanos disse que 745 civis foram mortos, a maioria em tiroteios. Além disso, 125 membros das forças de segurança do governo e 148 militantes de grupos armados afiliados a Assad foram mortos. Eletricidade e água potável foram cortadas em grandes áreas ao redor de Latakia, acrescentou o grupo.
Enquanto isso, a Campanha Síria e a Rede Síria pelos Direitos Humanos, que se opuseram a Assad após o início da guerra civil em 2011, disseram no sábado que tanto as forças de segurança quanto os homens armados pró-Assad estavam "realizando execuções em massa e assassinatos sistemáticos".
O SNHR estimou que 100 membros das forças de segurança do governo foram mortos na quinta-feira, enquanto 125 dos cerca de 140 civis foram mortos no fim de semana em "supostos assassinatos por vingança".
A Associated Press não conseguiu verificar esses números, e números conflitantes de mortes durante ataques na Síria ao longo dos anos não são incomuns. Dois moradores da região costeira disseram que muitas casas de famílias alauitas foram saqueadas e incendiadas. Eles falaram de seus esconderijos sob condição de anonimato, temendo por suas vidas.
Damasco culpou “ações individuais” pela violência generalizada contra civis e disse que as forças de segurança do governo estavam respondendo aos homens armados leais ao antigo governo.
Damasco poderá restaurar a calma após os confrontos?
Damasco tem lutado para se reconciliar com os céticos de seu governo islâmico, bem como com as autoridades lideradas pelos curdos no nordeste e a minoria drusa no sul. Al-Sharaa tem feito lobby para convencer os Estados Unidos e a Europa a suspender as sanções para abrir caminho para a recuperação econômica para tirar milhões de sírios da pobreza e tornar o país viável novamente.
Washington e a Europa estão preocupados que a suspensão das sanções antes da transição da Síria para um sistema político inclusivo possa abrir caminho para outro capítulo de governo autocrático.
Al-Sharaa apelou aos sírios e à comunidade internacional em um discurso no fim de semana, pedindo responsabilização para qualquer um que prejudique civis e maltrate prisioneiros. Essas violações de direitos humanos eram desenfreadas sob Assad. Al-Sharra também formou um comitê composto principalmente por juízes para investigar a violência.
Em uma declaração emitida no domingo, o Secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, pediu às autoridades sírias que “responsabilizem os perpetradores desses massacres”. Rubio disse que os EUA “apoiam as minorias religiosas e étnicas da Síria, incluindo suas comunidades cristã, drusa, alauíta e curda”.




COMENTÁRIOS

Buscar

Alterar Local

Anuncie Aqui

Escolha abaixo onde deseja anunciar.

Efetue o Login

Recuperar Senha

Baixe o Nosso Aplicativo!

Tenha todas as novidades na palma da sua mão.